Shame (Idem, 2011) de Steve McQueen
Ao lançar seu olhar sobre uma doença da sociedade atual, da falta de perspectivas sociais à desconfiança em outro alguém, chegando até a decisão de viver somente para si, o drama erótico-psicológico estrelado por Michael Fassbender é um filmaço. E com a mão pesada do diretor Steve McQueen, ai é que o tema fica melhor em Shame (2011), e consegue atingir o espectador da forma mais atormentadora e desconfortável possível.
Seu olhar cinético maximiza a descrença no ser humano ao condicionar a escolha do seu protagonista (ou ser condicionado por ela), e o faz refletir na condição de ninfomaníaco, sempre com relações fortuitas, sem nome e endereço. E um Fassbender esnobado com uma não indicação ao Oscar, mas nomeado ao Globo de Ouro de melhor ator (drama), foi uma das coisas mais injustas da história da Academia de Hollywood nos últimos anos.
Entre fortes sequências, há uma especialmente delicada em que a irmã do protagonista, Carey Mulligan (indicada ao Oscar por Educação, 2009) entoa lentamente New York, New York, de resultado belo e a ser contemplado. Shame é imperdível, e, aproveitando a tradução do seu título original, vergonha mesmo é não conferir a obra. NOTA: 9,0