“Minha Mãe é uma Peça – O Filme”: nem cinema ou teatro, o resultado é uma série de esquetes de TV na tela grande
Baseado no monólogo homônimo escrito e estrelado por Paulo Gustavo – que acumula impressionantes 1,2 milhão de espectadores em seis anos em cartaz pelo Brasil – Minha Mãe é uma Peça: O Filme (Idem, Brasil, 2013) de André Pellenz centra suas forças na protagonista, Dona Hermínia e suas historietas contadas numa sucessão de esquetes narradas em flashback.
O cerne da história é o mesmo do teatro. Dona Hermínia (Paulo Gustavo) é uma mãe divorciada, trocada por uma perua mais jovem pelo marido. Ela cria o casal de filhos de uma forma tão pegajosa e com tanto zelo que é recebida pelos filhos como uma mãe autoritária. Mas, numa ligação de celular, ao escutar reclamações dos filhos (Mariana Xavier e Rodrigo Pandolfo) sobre sua proteção excessiva, Hermínia some e vai se refugiar na casa da Tia Zélia (Suely Franco). Aí os filhos sentem a falta da mãe, enquanto ela vai relembrando sua história de vida.
A maior adaptação ao transportar sua linguagem de teatro ao cinema é a adição dos personagens, antes citados, que agora interagem com Dona Hermínia. Mas os holofotes ainda permanecem no histrionismo do comediante Paulo Gustavo e suas gracinhas de tagarela – geralmente sem graça nenhuma.
Contudo o texto é raso, os personagens são estereotipados (a gordinha, o homossexual, a esposa perua, o pai bundão – Herson Capri, a empregada doméstica com a língua grande, a troca de presentes entre os filhos) e suas piadas brincam de ser ridículas. De linguagem extremamente televisiva numa trama praticamente fatiada, a voz aguda criada por Paulo Gustavo irrita até dizer chega.
Trama previsível, humor popularesco, indicação de bullying, cenas exageradas (a do último biscoito com os irmãos; a apresentação do filho gay; a utilização do cachorro, e TODAS os momentos com Ingrid Guimarães), lances melodramáticos (uó), além de uma sequência bizarra envolvendo uma entrada ao vivo na TV e que depois segue para uma irreal e inacreditável situação televisiva. Ao final, uma hora e vinte minutos que parecem mais de duas horas… Três pontinhos pelos meios sorrisos numa e outra tirada de Paulo Gustavo e o resto (ou quase tudo), sem condições, por que cinema, cinema mesmo não é.