O ano de 2015 está nas últimas e o Clube Cinema publica a sua lista de piores filmes do ano. Foram 303 filmes computados em um ano com algumas decepções e muitos blockbusters divertidos. Ano após ano, parece até perseguição, mas já virou tradição negativa: a maioria dos piores filmes do ano são formadas por comédias nacionais que são sucessos de bilheterias, quase sempre repetitivas e/ou cópias ruins de fitas americanas.
Só lembrando que, para estar elegível, o filme tem de estrear comercialmente nos cinemas entre os dias 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2015, independente do seu ano de produção. Por isso, não se surpreenda ao constatar que uma obra de 2013 ou 2014 está na lista. Isso acontece pois essas obras só chegaram às telas do Brasil entre janeiro e dezembro de anos diferentes.
Segue a lista:
1. Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey, 2015) de Sam Taylor-Johnson
Romance pseudo-sadomasoquismo que sonha em ser um pornô-chic, a obra tem ainda um subtexto de drama psicológico barato e é puro e simplesmente um produto. E ruim. Previsível do início ao fim, é apenas uma fita sensual de grife, com uma fotografia que insiste em fazer clima com tudo, trilha sonora de motel truando, fantasias eróticas meia boca, romance (?) distante, frases de efeito risíveis e sofisticação em cada detalhe. Poderia ser cômico se não fosse levado tão a sério.
2. Poltergeist – O Fenômeno (Poltergeist, 2015) de Gil Kenan
Sem nenhum sinal de vida, o remake parece já morto na largada. Sem absoluta nenhuma noção de espaço ou ambientação, elementos altamente necessários em um filme de terror, o cineasta se limita ao básico. Nem a artimanha caça níquel de adicionar um fajuto e desnecessário 3D funciona. E o que falar dos efeitos digitais pavorosos que arruínam o clímax do filme? Resta ao espectador lamentar por mais esse equívoco grotesco e rever o original, esse sim assustador, mas no bom sentido.
3. Renascida do Inferno (The Lazarus Effect, 2015) de David Gelb
Um grupo de estudantes de medicina descobrem uma maneira de trazer pacientes mortos de volta à vida. O título força a barra dizendo que é do inferno. Você acredita? Na verdade os mortos podem ter vindo até de outro universo, a questão é que além de previsível, a fita é ruinzinha de doer. Que dó de Olivia Wilde, bela e perdida.
4. Amizade Desfeita (Unfriended/Cybernatural, 2014) de Levian Grabriandze
Fita de horror adolescente que tenta se aproveitar da linguagem da internet e do Skype para fazer medo. Não consegue. A trama centra forças na história de vingança de uma garota que se suicidou após ser ridicularizada nas redes sociais. Uma hora e vinte minutos “bem dizer” perdidos.
5. Mortdecai: A Arte da Trapaça (Mortdecai, 2015) de David Koepp
Johnny Depp passa vergonha como Charles Mortdecai, um negociador de arte bizarro. Assim como seu filme. Uma sucessão de situações “vergonha-alheia” acumulam na tela, enquanto Gwyneth Paltrow, Paul Bettany e Ewan McGregor tentar escapar em vão do constrangimento.
6. Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma (Paranormal Activity: The Ghost Dimension, 2015) de Gregory Plotkin
Três sustos perdidos em meio a uma tentativa ridícula de costurar uma história rocambolesca. E tudo isso para justificar toda a tal “atividade paranormal” dos outros filmes. O que era surpreendente e tenso, se tornou uma mera imitação de si só, com algum eco/reprodução de “Poltergeist” de forma pobre. Ainda bem que acabou.
7. Pixels (Pixels, 2015) de Chris Columbus
Falha miseravelmente em quase tudo. Tem duas piadas/apelidos soltos na trama, excelentes efeitos visuais e nada mais. Zomba do nerd de forma grotesca, não consegue se aproveitar da nostalgia transbordante dos 80s e tem Adam Sandler forçando a barra.
8. O Último Caçador de Bruxas (Last Witch Hunter, 2015) de Breck Eisner
O cruzamento de gêneros é lamentável. História ruim, motivação zero, condução nula e um Vin Diesel simplesmente blasé. A historinha que atravessa séculos ainda tem Michael Caine bancando o defunto e Elijah Wood passando vergonha.
9. O Sétimo Filho (Seventh Son, 2014) de Sergei Bodrov
Bruxas, almas-penadas, relação mestre-aprendiz, dragões, amores seculares e impossíveis, vingança, exorcismo, ogros, monstros, gigantes, bons efeitos especiais e uma grande bagunça.
10. Minions (Idem, 2015) de Kyle Balda, Pierre Coffin
Do que o filme que de a sua origem (Meu Malvado Favorito, e sua continuação) tinham de engraçado e até bem sacado, esse tem de repetitivo. Depois de uma ou outra piadinha, risos, ok. Mas depois, a trama curta e suas piadas visuais se sucedem, enquanto o plano para dominar o mundo só provoca bocejos.
11. Comédias nacionais
Superpai (2015) de Pedro Amorim | Qualquer Gato Vira-Lata 2 (2015) de Roberto Santucci | Meu Passado me Condena 2: O Filme (2015) de Júlia Rezende | SOS 2: Mulheres ao Mar (2015) de Cris D´Amato | Entrando Numa Roubada (2015) de André Moraes | Linda de Morrer (2015) de Cris D´Amato | Vai que Cola – O Filme (2015) de César Rodrigues | Loucas Pra Casar (2015) de Roberto Santucci | Bem Casados (2015) de Aloízio Abranches | Até que a Sorte nos Separe 3: A Falência Final (2015) de Roberto Santucci e Marcelo Antunez
Empatadas em 11º, todas são uma combinação grotesca de não-atuações, piadas chulas, roteiros diluídos em gags visuais, previsibilidade e muitas cópias de filmes americanos. São poucos momentos para quase nada, com um cinema – em geral – preguiçoso, linguagem televisiva e resultado abaixo da média. A nota curiosa é que a grande maioria alavanca números expressivos de bilheteria. Parece que o público – em geral – gosta desse tipo de humor rasteiro e repetitivo.
Decepção do ano
Quarteto Fantástico (Fant4stic Four, 2015) de Josh Trank
Problemático e picotado, do jeito que está é bem fraco. Mas enxergo, no fundo, a intenção do diretor esquartejada pelo desejo do estúdio. Há algo de sombrio aqui, infelizmente não concretizado. Quem sabe em uma versão do diretor não consigamos ver algum o dia o filme que se gostaria que fosse.
Para saber quais foram os melhores filmes de 2015, clique aqui. O Tribuna do Ceará também separou uma lista com os filmes inéditos no cinema, que foram lançados direto no mercado de home vídeo no Brasil.
[Arte: Tiago Leite]