300 (Idem, 2007) de Zack Snyder
O filme: a incrível batalha travada entre o Rei de Esparta, Leônidas (Gerard Butler), que, junto de seus 300 melhores guerreiros combateu o exército de milhões do Imperador da Pérsia, Xerxes (Rodrigo Santoro, andrógino até a alma) na Batalha de Termópilas.
Preparam-se para a glória que uma adaptação azeitada de quadrinhos pode oferecer. Não é uma aula de história, mas um entretenimento de primeira, e um dos melhores filmes de 2007.
Baseado nos quadrinhos de luxo de Frank Miller (que se baseou bem livremente no filme de 1962, Os 300 de Esparta).
Porque assistir: soltando algumas amarras das convenções dos épicos tradicionais, faz uso de uma trilha sonora heavy metal, câmera lenta, cores desbotadas e em tons de sépia e jorrando sangue com a autenticidade subversiva.
Gerardo Butler tem o tom exato que pede o personagem. Mesmo beirando o caricatural dentro de todo o poder que seu Rei exige, impressiona ao ser líder, cínico, inspirador e força bruta ao mesmo tempo. É um trator imbatível, incansável com uma aura de obstinação que pulsa sem parar.
Melhores momentos: transforma violência em poesia visual (a cena da caçada do lobo, a queda do despenhadeiro, a chuva de lanças, a árvore dos mortos, a sensualidade do Oráculo) com seus efeitos visuais.
Pontos fracos: não tanto fraco, mas digamos que Rodrigo Santoro tem uma atuação esforçada. Não aparece tanto quanto se espera, mas tem cenas de destaque no longa mesmo com figurinos carnavalescos. Tenta impor respeito com seus trejeitos sui generis e ações megalomaníacos do vilão Xerxes.
Sua voz foi alterada com efeitos de grave, adaptando com fidelidade as características do personagem nos quadrinhos. Mas que ficou estranho, ficou.
Na prateleira da sua casa: surge não só com a força da tecnologia, mas com a beleza plástica de um visual arrebatador, além de cenas violentamente ensaiadas, quase com a elegÇancia de um ballet.
Batalhas e sequências impressionantes, criaturas estranhas, membros voando em câmera lenta, frases edificantes (“Hoje à noite jantaremos no inferno!”; “Isso é Esparta!”) e sangue, muito sangue, 300 é um raro exemplar que une encanto e violência de estilização ímpar numa realização vigorosa do diretor Zack Snyder, que rege pinturas em movimento, sem frescura.