Charles Chaplin (1889-1977)
Clássicos como O Garoto (1921), Luzes da Cidade (1931) e Tempos Modernos (1936) sequer disputaram o Oscar. Zero indicações. Chaplin vai muito além que a rotulação de um comediante brilhante. É um artista completo, capaz de compor a trilha, escrever o roteiro, produzir, dirigir e atuar em seu filme. Criador do personagem Carlitos, teve o primeiro reconhecimento da Academia ao ter outro grande clássico, O Grande Ditador (1940), ser indicado à cinco Oscar: melhor filme, ator (Chaplin), ator coadjuvante (Jack Oackie), roteiro original (Chaplin) e trilha sonora. Perdeu todos.
Nunca nomeada ao Oscar de melhor diretor, teve de esperar até 1972, para a Academia agraciá-lo com um Oscar honorário. “Muito obrigado. Esse é um momento emotivo para mim, e as palavras parecem tão fúteis, tão inúteis. Só posso agradecer pela honra de me convidarem para cá”, disse o gênio após uma longa ovação com toda a plateia de pé.
Alfred Hitchcock (1899-1980)
Mestre do cinema, em especial do suspense, o inglês teve sua carreira vista pela Academia como um cineasta de gênero, e não conseguiu enxergar sua visão mais ampla de cinematografia. Cineasta virtuoso no uso de closes, planos, diferentes e até em fita que se passam em um único espaço e em tempo real (Festim Diabólico, 1948).
Hitchcock foi nomeado cinco vezes. A primeira, a mais curiosa. Rebecca – A Mulher Inesquecível (1940) recebeu 11 indicações ao Oscar, incluindo filme e direção. A obra venceu a estatueta de melhor filme e fotografia, mas seu diretor não. Quatro anos depois, foi indicado por Um Barco e Nove Destinos (1944), mas o filme ficou de for a da lista dos melhores do ano. Já no ano seguinte, o sensacional Quando Fala o Coração (1945) chegou ao Oscar com seis chances de vencer (filme, diretor, ator coadjuvante, fotografia, efeitos especiais e trilha sonora), vencendo apenas a última.
Com outros dois clássicos, Janela Indiscreta (1954) e Psicose (1960), Hitchcock perdeu. A Academia indicou cada obra (prima) em quatro categorias, incluindo direção, mas os dois suspenses saíram de mãos abanando da premiação. Para a Academia, a redenção veio em forma do prêmio Irving G. Thalberg, em 1968, pelo conjunto de sua obra. Foi pouco.
Orson Welles (1915-1985)
Cineasta multifacetado, produzia, escrevia, dirigia e atuava em muitos de seus filmes. Aclamado como gênio ao debutar com o clássico Cidadão Kane (1941), inventou novas técnicas de filmagem, enquadramento e edição. Até hoje, o drama encabeça boa parte das principais listas de melhores de todos os tempos. Indicado ao Oscar em nove categorias, incluindo melhor filme, direção, ator e roteiro adaptado (todos disputados por Welles), vencendo apenas a última.
Mesmo assinando obras como Macbeth (1948), Othello (1952). A Marca da Maldade (1958) e O Processo (1962), a Academia só se renderia ao gênio em 1971. Seu Oscar honorário foi justificado “para a arte superlativa e versatilidade na criação de imagens em movimento”. Orson Welles não estava presente na cerimônia de premiação, mas teve um discurso de aceitação gravado exibido.
Stanley Kubrick (1928-1999)
O cineasta coleciona 13 indicações, entre as categorias de melhor filme (produtor), diretor, roteirista e até responsável pelos efeitos especiais. E foi somente por esse último, em 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), que ele venceu.
Como diretor foram quatro indicações (Dr. Fantástico, 1964; 2001: Uma Odisseia no Espaço, 1968; Laranja Mecânica, 1971; e Barry Lyndon, 1975), sem nenhuma vitória. Após finalizar De Olhos Bem Fechados (1999), moreu sem levar nem um prêmio especial da Academia.
Sérgio Leone (1929-1989)
Diretor italiano nunca recebeu nenhuma indicação ao Oscar. Leone assinou a trilogia do “homem sem nome” – Por Um Punhado de Dólares (1964), Por uns Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966) – o western épico (Era uma Vez no Oeste, 1969) e um dos maiores épicos sobre a máfia da história do cinema (Era Uma Vez na América, 1984). Este último foi lembrado ainda pelo Globo de Ouro, ao ser nomeado como melhor direção, porém sem êxito. Morreu sem o reconhecimento da Academia.
Michelangelo Antonioni (1912-2007)
Célebre diretor italiano, é autor da trilogia A Aventura (1960), A Noite (1961), vencedor do Urso de Ouro em Berlim, e O Eclipse (1962), além de Zabriskie Point (1970) e Profissão: Repórter – O Passageiro (1975) – indicado à Palma de Ouro em Cannes.
Vencedor do Leão de Ouro em Veneza por sua carreira, a Academia só deu alguma atenção para Antonioni no magnético Blow-Up: Depois Daquele Beijo (1966), ao indicá-lo aos prêmios de melhor direção e roteiro original. Não levou, e em 1995 venceu um Oscar honorário por sua carreira brilhante.
Robert Altman (1925-2006)
Celebrado em toda sua carreira, o americano venceu a Palma de Ouro em Cannes (MASH, 1970), Urso de Ouro em Berlim (Oeste Selvagem, 1976), Leão de Ouro em Veneza (Short Cuts – Cenas da Vida, 1993) e Globo de Ouro – direção (Assassinato em Gosford Park, 2001). No Oscar foram sete indicações, sendo duas de melhor filme e outras cinco para melhor diretor (MASH; Nashville; O Jogador; Short Cuts – Cenas da Vida e Assassinato em Gosford Park). Todas sem vitória.
Pouco antes de sua morte, a Academia o premiou com um Oscar honorário, “para uma carreira que reinventou repetidamente a forma de arte e inspirou cineastas e público”.
Jean-Luc Godard
Visionário cineasta, é um dos fundadores da Nouvelle Vague, um então novo estilo francês de filmar. Godard assinou obras como Acossado (1960), Viver a Vida (1962), Alphaville (1965), Tudo Vai Bem (1972) e o polêmico Je Vous Salue, Marie (1985). Vencedor de prêmios nos fetivais de Berlim (Acossado), Cannes (Adeus à Linguagem) e Veneza (Carmen), o francês nunca foi sequer indicado ao Oscar.
Em 2011 a Academia justificou seu Oscar honorário: “Para paixão. Para o confronto. Para um novo tipo de cinema”. Jean-Luc Godard não estava presente na cerimônia de premiação.
David Lynch
Gênio do nonsense criativo, é mestre em sonhos e viagens visuais. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes (Coração Selvagem, 1990) e criador da série de TV Twin Peaks (1991-1992), já foi indicado por quatro vezes ao prêmio da Academia. Concorrendo ao Oscar de melhor filme, O Homem Elefante (1980) deu ao americano suas duas primeiras nomeações, diretor e roteiro adaptado. Em seguida vieram as indicações pela direção em Veludo Azul (1985) e Cidade dos Sonhos (2001), todos sem nenhum êxito.
Uma curiosidade, a foto acima foi tirada na esquina da Hollywood Blvd. com a Avenida La Brea, em Los Angeles (13 de dezembro de 2006), quando o próprio diretor e roteirista de “Império dos Sonhos”, Lynch vez campanha pela nomeação de Laura Dern ao Oscar 2007. Sem êxito.
Wim Wenders
O alemão já venceu Leão de Ouro em Veneza (O Estado das Coisas, 1982), Palma de Ouro em Cannes (filme por Paris, Texas, 1984; melhor diretor por Asas do Desejo, 1987), Urso de Prata em Berlim – melhor diretor por O Hotel de um Milhão de Dóalres (2000) e em 2015 ganhará o Urso de Ouro em reconhecimento de sua carreira.
Cineasta de extrema sensibilidade, é reconhecido pela Academia apenas por seus documentários, mas nunca venceu. Sempre em parcerias, foi indicado por Buena Vista Social Club (com Ulrich Felsberg, 1999), Pina (com Gian-Piero Ringel, 2011) e O Sal da Terra (com David Rosier e Juliano Salgado, 2014).
Lars Von Trier
Queridinho em Cannes, o dinamarquês já disputou por oito vezes a Palma de Ouro, vencendo a láurea francesa por Dançando no Escuro (2000). O drama musical estrelado/cantado por Bjork é a obra pela qual o cineasta do Dogma 95 possui sua única indicação, mas como melhor canção original. E perdeu. Melhor diretor por Europa (1991), Ondas do Destino (1996), Dogville (2003), Melancolia (2011) ou Ninfomaníaca – Parte 1 e 2 (2014/15)? Nem pensar, com zero indicações.