Nada de comédias românticas tradicionais, filmes de terror com finais felizes ou fitas policiais onde o mocinho pega o bandido, western violentos ou comédias pastelão. O negócio aqui é bizarro mesmo. E todos os títulos recomendados estão disponíveis no catálogo da Netflix, ao simples toque do controle remoto. Chegou a hora de colocar um pouco de esquisitice na sua vida, e incrementar a sua lista de filmes do Netflix com obras estranhas, mas não menos interessantes e divertidas.
Divirtam-se com o diferente:
Peles (Pieles, Espanha, 2017) de Eduardo Casanova | Afinal, o que é mais estranho? Ter pernas, mas querer não tê-las; Ter metade do seu corpo como se estivesse derretendo, mas um cabelo grandiosamente especial; Um garanhão insaciável com todo o corpo queimado; Uma anã grávida; Uma garota de programa que tem diamantes coloridos no lugar dos olhos; Ou uma garota que tem o aparelho excretor no lugar da boca e a boca no lugar na bunda?
Acompanhamos a história de pessoas diferentes fisicamente por esta razão foram forçados a se esconder, isolar ou juntar-se entre eles, personagens solitários esforçam-se para encontrar-se em uma sociedade que só entende uma forma física, que exclui e maltrata diferente.
As Travessuras de uma Sereia (The Mermaid, 2016) de Stephen Chow | Um projeto liderado por Liu Xuan, envolvendo a recuperação do mar, ameaça a existência das sereias. Uma delas é Shan, que preparada para se disfarçar entre os humanos, é despachada para impedir tal realização, mas acaba se apaixonando. Porém, quando Xuan planeja parar o seu projeto, Shan e as outras sereias são caçadas por uma organização oculta que pode exterminá-las.
Misto de farsa cômica com comédia romântica e fantasia, a produção é uma ótima e divertida surpresa. A última invenção do ator, diretor, roteirista e produtor Stephen Chow faturou mais meio bilhão em 2016, e é a prova da força do mercado da China e Hong Kong.
Um Cadáver Para Sobreviver (Swiss Army Man, 2016) de Daniel Kwan, Daniel Scheinert | A trama acompanha Hank (Paul Dano), que fica preso em uma ilha deserta e está perdendo todas as esperanças de voltar para casa. Tudo muda quando ele encontra o cadáver Manny (Daniel Radcliffe) na praia, e se tornam melhores amigos. Juntos, eles tentarão sair da ilha, para que Hank reencontre a sua amada (Mary Elizabeth Winstead).
Circle (Idem, EUA, 2015) de Aaron Hann, Mario Miscione | Cinquenta estranhos acordam e percebem que estão presos numa misteriosa câmara, sem nenhuma lembrança de como chegaram lá. Organizados em um grande círculo e incapazes de se moverem, eles rapidamente descobrem que a cada dois minutos um deles deve morrer, executado por um estranho aparelho dentro da sala. E um por um serão eliminados. O você seria capaz de fazer para se manter vivo? Mentir? Tirar o foco de si? Apontar erros dos outros? Ficar calado? Fazer conchavos? Ir para o lado mais forte? Diminuir o mais fraco? Sobreviva se for capaz.
Bernie – Quase um Anjo (Bernie, EUA, 2011) de Richard Linklater | Carthage, no Texas. Bernie Tiede (Jack Black) é o diretor de uma funerária que acaba se envolvendo com Marjorie Nugent (Shirley MacLaine), uma rica viúva de 81 anos. Eles se casam e, algum tempo depois, ele a mata e assume o crime. É quando o advogado Danny Buck Davidson (Matthew McConaughey) assume o caso.
Baseado numa incrível história real, extraído de um artigo jornalístico, a história de Bernie e Marjorie é recontada de forma semi-documental. O diretor deixa as coisas ainda mais curiosas ao intercalar entrevistas com pessoas reais da comunidade, com os atores que fazem os papéis dos protagonistas (Black, MacLaine e Matthew McConaughey). Fugindo da sua interpretação padrão Jack Black, o comediante se entrega como o tenro e prestativo Bernie – que lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator (comédia ou musical). A lady MacLaine também está ótima, como a fechada Marjorie, que aos poucos vai amolecendo, para depois se transformar numa tirana insuportável. McConaughey complementa bem o elenco como a personificação da lei.
Mistérios e Paixões (Naked Lunch, EUA/Reino Unido, 1991) de David Cronemberg | Diretor já conhecido por assinar produção de filmes bem estranhos, aqui ele não foge da regra. O roteiro é uma adaptação do romance “Naked Lunch” de William S. Burroughs, que muitos afirmavam ser totalmente infilmável pela história fragmentada e sem nenhum tipo de linearidade.
A trama se passa na Nova York de 1953. Bill Lee (Peter Weller) quer ser escritor, mas ele extermina insetos para pagar suas contas. Bill está tendo problemas no trabalho, correndo o risco inclusive de perder o emprego, pois freqüentemente esgota seu estoque de inseticida. Porém, a verdade é que Joan (Judy Davis), sua esposa, está viciada no “barato” que este pó lhe causa. Quando Bill, estimulado pela mulher, experimenta esta substância ele entra em um processo interminável de “viagens”, nas quais máquinas de escrever se transformam em enormes insetos falantes.
Sob a Pele (Under the Skin, EUA/Reino Unido/Suíça, 2014) de Jonathan Glazer | O que acontece quando uma alienígena predadora (sexual) desenvolve uma consciência humana? Fiquei deveras impressionado com a potência silenciosa desse drama de ficção.
A tal alienígena é Scarlett Johansson, que chega à Terra e começa a percorrer estradas desertas e paisagens vazias em busca de presas humanas. Sua principal arma é sua sexualidade voraz… Mas ao longo do processo, ela descobre uma inesperada porção de humanidade em si mesma.
Sharknado (idem, EUA, 2013) de Anthony C. Ferrante | A dica trash – tão ruim que é bom – da lista é uma mistura de tubarões e tornados – literalmente. A trama se resume a tornados que sugam tubarões assassinos do mar e jogam nas ruas de Los Angeles. Uma grande tornado surge no litoral da Califórnia… O fenômeno natural começa no mar e interfere na vida de milhares de tubarões, que são sugados do oceano e arremessados por toda Los Angeles. Acaba sobrando para Fin (Ian Ziering), sua esposa April (Tara Reid), e mais um grupo de amigos a missão de enfrentar os animais e impedir que o tornado causa ainda mais estragos.
O Que Fazemos nas Sombras (What We Do in the Shadows, Nova Zelândia/EUA, 2014) de Jemaine Clement, Taika Waititi | Pseudo-doc sobre como vivem os vampiros nos dias atuais é bem divertido. Na trama, acompanhamos Viago (Taika Waititi), Deacon (Jonathan Brugh) e Vladislav (Jemaine Clement) são três vampiros que dividem uma casa. Algumas das dificuldades que eles têm na vida são a imortalidade, encontrar sangue humano em festas, lidar com a luz solar e a inadequação aos padrões sociais, além do pagamento de contas e, claro, a convivência.
O Homem na Parede (Haish Shebakir, Israel, 2015) de Evgeny Ruman | O marido de Shir desaparece sem deixar pistas enquanto caminhava com o cachorro. Após alguns telefonemas, Shir passa a receber, durante toda noite, a visita de várias pessoas , que, apesar de trazerem algumas revelações, parecem não possuir nenhuma pista útil sobre o seu paradeiro.
De baixíssimo orçamento, toda a produção é encenada dentro de um apartamento, o que torna a experiência um tanto claustrofóbica. Enquanto a tensão é construída por pessoas chegando e saindo, conversando com Shir sobre o desaparecimento de seu marido, o clima é completo com uma quase ausência de uma trilha sonora. Filme é todo falado em hebraico, o que aumenta o nível de esquisitice pela total falta de familiaridade com a língua.
“Ter pernas mais querer não tê-las; Ter metade…”
Arruma esse “mais” Herculano, quase não continuo lendo o artigo porque esse “mais” doeu na minha alma