Jornada visceral de sobrevivência, O Regresso (The Revenant, 2015) de Alejandro Gonzalez Iñarritu, é uma pancada. Tecnicamente impecável, mas de roteiro frouxo, produz uma sensação de pretensão em quase três horas de sofrimento extenuante.
Baseado em uma história real de 1822, Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é um guia de expedição de exploradores. No meio do oeste americano selvagem, é atacado por um urso, fica seriamente ferido e é abandonado à própria sorte pelo parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy). Só resta a Glass a vingança.
É inegável a sensação de desespero que passa DiCaprio. Entre uma carne crua e a dormida dentro da pele de um cavalo, o tom é de pura deterioração de corpo e de espírito.
Tom Hardy capricha no sotaque e na podridão do ser humano, enquanto Domhnall Gleeson (o capitão da expedição) demonstra um pouco de honra entre os selvagens.
O que fica pelo caminho? A jornada na América do século 19, que passeia pela vida selvagem dos exploradores americanos e franceses, versus os índios americanos. Com o passar dos tempos, toda essa cadeia produtiva resultou em ações da humanidade contra o ambiente.
A partir de sua segunda metade, o melhor resumo para o drama que deve dar (finalmente) o Oscar para Leonardo DiCaprio é um conto de vingança. Iñarritu faz questão de mostrar que sabe para onde apontar a sua câmera, mas peca no confronto final, simplista. Podia ser mais.
A lamentar o distanciamento da verdadeira história dos homens das montanhas e o nascimento do capitalismo. Com o tema relegado ao plano de fundo, resta pisar fundo em filme que se divide entre a profunda dor (física e mental) do protagonista e sua incansável busca pela vingança.
Todo filmado em locações, em baixas temperaturas e com o uso de uma brilhante luz natural – resultando em uma fotografia espetacular, é uma obra difícil e angustiante. O espectador é praticamente parte de um ataque de índios, de fugas pelas florestas selvagens e a busca pela sobrevivência. Mas repito, podia ser mais.
O filme concorre ao Oscar em 12 categorias: filme, diretor, ator, ator coadjuvante, fotografia, montagem, figurino, design de produção, maquiagem & cabelos, som, efeitos de som e efeitos visuais.